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Mudança climática afeta o ciclo da malária na Amazônia

Assunto foi discutido na Reunião Regional da SBPC em Tabatinga (AM)

A relação entre o período da cheia nos rios da Amazônia com o aumento da densidade do mosquito transmissor da malária, já comprovada pela ciência, fez com que o governo intensificasse as ações de combate ao vetor da doença – o mosquito Anopheles – entre os meses de dezembro e junho.

É neste período que os rios sobem e criam áreas alagadas propícias para a reprodução das larvas do mosquito. Ou pelo menos era. Em fevereiro de 2007, pontos sentinelas da Vigilância Entomológica detectaram um aumento excepcional da densidade do mosquito causado pela cheia “precoce” dos rios Solimões e Tributário, nas proximidades da cidade de Coari.

“Muito provavelmente, os efeitos da mudança climática interferiram na época das cheias nos rios, o que causou um aumento no número de mosquitos”, afirma Wanderli Pedro Tadei, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas (Inpa). Num período em que a densidade média era de 15 mosquitos, foi constado cerca de 1.500 exemplares.

“Isso implicará em uma mudança de estratégia no combate ao mosquito”, afirmou o pesquisador na conferência que ele ministrou nesta quinta-feira, 19 de março, durante a Reunião Regional da SBPC em Tabatinga, que acontece até esta sexta-feira, dia 20.

Segundo o pesquisador, os esforços do governo no combate ao mosquito têm resultado em uma queda significativa no número de casos de malária. A cidade de Manaus, por exemplo, que registrou 64 mil casos em 2005, teve 19 mil casos em 2008.

“Isso foi possível graças a um trabalho de controle vetorial e de manejo ambiental”, diz. “Agora, além de manter essas ações, será necessário aumentar o número de pontos de sentinela nas cidades mais atingidas para avaliar como está o nível das águas e qual a densidade dos mosquitos”, acrescenta. “Desta forma, será possível adotar ações preventivas na época certa.”

Dos 62 municípios amazonenses, 21 concentram 81% dos casos de malária. A população mais afetada é a de baixa renda, que vive na periferia das cidades, nas zonas de contato com a floresta. O mosquito Anopheles se reproduz preferencialmente em águas limpas, localizadas dentro da mata. Mas é preciso que ele esteja infectado com o protozoário, do gênero Plasmodium, para transmitir a doença.

A malária é geralmente transmitida de uma pessoa para outra por meio da picada do mosquito. Não há vacina contra a doença, apenas tratamento. Uso de repelente e mosquiteiro, nebulização com inseticidas e drenagem das áreas alagadas infectadas com as larvas do mosquito são algumas das medidas adotadas no Brasil para o controle da doença.

** Angela Trabbold, da Assessoria de Imprensa da SBPC

[EcoDebate, 24/03/2009]

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