Artigo classifica de corruptas relações entre pesquisadores e companhias farmacêuticas
Angell: crianças de 2 anos são diagnosticadas com desordem bipolar e tratadas com coquetel de drogas poderosas, muitas não-aprovadas pela Food and Drug Administration
A patologista Marcia Angell é catedrática do Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School. Trabalhou por 20 anos na New England Journal of Medicine, que deixou em 2000, quando era editora-chefe. Seu último livro, de 2004, saiu no Brasil em 2007 (A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos, Record). Na edição de 15 de janeiro da The New York Review of Books (www.nybooks.com/articles/22237) ela assina o artigo Drug Companies & Doctors: A Story of Corruption, no qual comenta três livros recentes sobre as relações entre companhias farmacêuticas e pesquisadores — relações corruptas, em sua opinião.
A Radis traduziu o artigo (que pode ser lido aqui na íntegra) — seu resumo está publicado abaixo — e o submeteu aos bioeticistas brasileiros Volnei Garrafa e Sergio Rego, para comentários sobre as graves denúncias da autora e sua eventual pertinência à situação brasileira.
O texto de Marcia informa que o senador republicano Charles Grassley, da Comissão de Finanças, decidiu investigar essas relações. “Ele não precisou procurar muito”, ironiza a autora, que cita logo o caso de Joseph L. Biederman, professor de psiquiatria da Harvard Medical School — seu colega —, também chefe da psicofarmacologia pediátrica do Harvard’s Massachusetts General Hospital. “Graças a ele, crianças de 2 anos são diagnosticadas com desordem bipolar e tratadas com coquetel de drogas poderosas, muitas não-aprovadas pela Food and Drug Administration [FDA, a agência reguladora americana] para esta finalidade e nenhuma delas aprovada para crianças abaixo de 10 anos”.
Médicos podem usar drogas em finalidades diferentes, lembra, mas esse uso deve se basear em boas evidências científicas publicadas. Especialistas ouvidos pelo The New York Times, porém, acharam os estudos de Beiderman precários e inconclusivos, relata Marcia. O senador descobriu que Beiderman recebeu US$ 1,6 milhão por consultoria e palestras entre 2000 e 2007 de laboratórios.
Matéria de Marinilda Carvalho, da Agência Fiocruz de Notícias.
[EcoDebate, 18/03/2009]
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