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Artigo

Cidades Sustentáveis, artigo Carol Salsa

“Uma cidade sustentável depende da capacidade de reorganizar os espaços, gerir novas economias externas, eliminar as deseconomias de aglomeração, melhorar a qualidade de vida das populações e superar as desigualdades sócio-econômicas para o crescimento econômico.”( Eduardo Alva, 1997 )

[EcoDebate] As cidades surgiram no interior das sociedades agrícolas no ano 2.000 a.c , no Egito. Na idade média, devido ao comércio praticado a longa distância, as cidades adquiriram a feição de entreposto comercial. No século XIX, a Revolução Industrial trouxe um novo conceito : a qualidade de vida já ameaçada pela poluição gerada pelas fábricas na Europa. No Brasil, nos anos 50, o desenvolvimento econômico foi impulsionado pelo setor automobilístico. A cidade moderna torna-se um polo concentrador de comércio, serviços e informações. Ela passa a ser o principal espaço de consumo e circulação de riquezas produzidas no campo.

Com a mecanização da lavoura, a fixação do homem no campo torna-se inviável. A indústria reforça o desfecho dado pela lavoura quando transfere geograficamente o núcleo produtivo do campo para o meio urbano. Formam-se os movimentos de migração em massa provocando o caos nas grandes cidades. O crescimento descontrolado da população urbana demanda serviços, equipamentos públicos, transportes, comércio, tecnologia, causando uma série de transtornos à dinâmica das cidades.

Em 1992, a Conferência Rio-92 produziu um documento conhecido como Agenda 21, que selava a indissociabilidade do desenvolvimento econômico em relação a conservação do meio ambiente. Surge então o conceito de cidade sustentável, um lugar onde as conquistas no campo do desenvolvimento social, econômico e ambiental deveriam se estabelecer. Mas, paira uma dúvida no ar: de que forma será possível adaptar as cidades aos atributos exigidos pela sustentabilidade?

A literatura é vasta e, nela, encontra-se a indicação do livro de Girardet denominado “ Cidades “, escrito em 1989 . Ele considera as megalópolis, verdadeiras usinas de consumo de energia e de produção intensiva de resíduos sólidos. Uma outra teoria aventada era a que enfocava cidades biocidas e cidades ecológicas, se comparadas às suas formas de organização. As cidades biocidas eram associadas às máquinas potentes de destruição da natureza e geradoras de stress humano e as ecológicas seguiam o padrão sustentável.

No ano 2000, surge um documento elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente , denominado de “ Cidades “ onde se destaca seis temas centrais referentes à incorporação da dimensão ambiental nas políticas públicas. Os temas centrais são : 1-agricultura sustentável; 2- cidades sustentáveis; 3- infra-estrutura e integração regional; 4- gestão de recursos naturais; 5- redução das desigualdades sociais; 6- tecnologia para o desenvolvimento sustentável.

A construção das cidades sustentáveis demanda mudanças estruturais e grande articulação entre os atores envolvidos. Planos traçados para estas cidades, favorece o surgimento de um novo modo de concepção de projetos e de execução de obras.

Neste momento, o papel das incorporadoras torna-se crucial. São difundidos os nove passos necessários para se chegar a uma construção sustentável, quais sejam: planejamento sustentável da obra; aproveitamento passivo dos recursos naturais; eficiência energética; gestão e economia da água; gestão dos recursos sustentáveis na edificação; qualidade do ar e do ambiente interior; conforto termo-acústico; uso racional de materiais e uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis. Um levantamento realizado pelo Conselho Empresarial Mundial para o desenvolvimento confirma : a construção é conhecida como o setor dos 40%, pois essa é a quantidade que se leva do consumo mundial de energia, água e recursos naturais. No entanto, a evolução do conceito de cidades apresenta lenta adoção de métodos eficazes que confiram ao estágio em que se encontram, a denominação de “ cidades sustentáveis ”.

Carol Salsa, engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.

[EcoDebate, 16/03/2009]

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