Dieta rica em carne pode aumentar o risco de câncer de próstata em 40%
Pesquisadores identificam que uma dieta rica em carne e produtos lácteos pode aumentar significativamente o risco de câncer de próstata.
“Existe uma necessidade de identificar fatores de risco para câncer de próstata, especialmente aqueles que podem ser segmentados por terapêutica e / ou alterações no estilo de vida“, diz o pesquisador Andrew Roddam, da Universidade de Oxford. “Agora sabemos que esse fator está associado com a doença, podemos começar a examinar como a dieta e estilo de vida como fatores que podem afetar os seus níveis e se mudanças poderiam, de outra forma, reduzir o risco…”
Em um estudo publicado no Annals of Internal Medicine, Roddam e colegas compilaram os resultados de 12 estudos anteriores sobre a relação entre câncer de próstata e IGF-1 (fator de crescimento insulina-símile-1), incluindo um total de 3.700 homens com câncer de próstata e 5.200 sem.
Pesquisas anteriores demonstraram uma forte relação entre consumo de carne e lacticínios e os níveis de IGF-1, enquanto que os vegetarianos estritos são conhecidas por ter muito mais baixos níveis do hormônio no sangue.
No atual estudo, os pesquisadores dividiram os participantes em cinco grupos, com base em seus níveis sanguíneos de IGF-1. A média de idade dos participantes foi de 62 anos, no momento da análise, e a média de idade no diagnóstico do câncer foi de 67.
Os homens no grupo com os mais altos níveis de IGF-1 tiveram 40% mais chances de serem diagnosticados com câncer de próstata do que os homens com níveis mais baixos. Entre os homens com maiores níveis de IGF-1, que desenvolveram câncer de próstata, também foi identificado um número significativamente maior na taxa de disseminação do tumor.
Estas relações foram independentes da idade, peso, consumo de álcool ou tabagismo. Há que parece ser uma forte relação entre os níveis de IGF-1 e o risco entre os homens que desenvolveram tumores menos agressivos, mas os pesquisadores observam que esta poderia ser uma casualidade estatística.
Roddam observou que uma dieta rica em carne e produtos lácteos pode, provavelmente, aumentar os níveis de IGF-1 em torno de 15%.
Pesquisadores suspeitam, há algum tempo, que IGF-1 pode estar ligado ao desenvolvimento do câncer de próstata, mas este é um dos primeiros estudos que fornecem provas convincentes.
Os hormônios IGF-1 (fator de crescimento insulina-símile-1) desempenham um papel crucial no crescimento célula, regulando o crescimento e desenvolvimento infantil, em particular.
Roddam adverte que níveis de IGF-1 não podem ser utilizados como uma ferramenta para avaliação de risco e diagnóstico de câncer de próstata, sendo que o teste do antígeno específico da próstata (PSA), atualmente utilizado, é muito mais eficaz.
Câncer de próstata é o segundo câncer mais letal entre os homens, tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido. Estima-se que 186.320 novos casos são diagnosticados nos Estados Unidos a cada ano, levando a cerca de 28.660 mortes anuais. É o câncer mais comum entre os homens nos Estados Unidos, que tem a maior taxa de câncer de próstata do mundo.
Novas provas continuam a surgir que a dieta pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento do câncer de próstata. Um estudo recente de pesquisadores da Brigham and Women’s Hospital e Harvard University, publicado na revista The Lancet Oncology, por exemplo, descobriu que os homens que estavam com sobrepeso ou obesidade, à época do diagnóstico do câncer de próstata tiveram um índice de mortalidade significativamente maior do que os homens com peso normal.
Homens com níveis mais elevados de insulina também tiveram um índice de mortalidade significativamente maior do que os homens com níveis normais. A combinação de insulina alto e alto índice de massa corporal conduziu a um aumento de quatro vezes no risco de mortalidade. Essas correlações foram identificadas como independentes de quaisquer outros fatores de risco.
Muitos casos de câncer de próstata são de crescimento, enquanto outros podem ser agressivos e altamente letais. É possível que a dieta pode desempenhar um papel nesta distinção.
O artigo “Insulin-like Growth Factors, Their Binding Proteins, and Prostate Cancer Risk: Analysis of Individual Patient Data from 12 Prospective Studies”, apenas está disponível para assinantes da revista Annals of Internal Medicine.
Abaixo, para maiores informações, transcrevemos o abstract:
Andrew W. Roddam, DPhil; Naomi E. Allen, DPhil; Paul Appleby, MSc; Timothy J. Key, DPhil; Luigi Ferrucci, MD; H. Ballentine Carter, MD; E. Jeffrey Metter, MD; Chu Chen, PhD; Noel S. Weiss, MD; Annette Fitzpatrick, PhD; Ann W. Hsing, PhD; James V. Lacey, Jr, PhD; Kathy Helzlsouer, MD; Sabina Rinaldi, PhD; Elio Riboli, MD; Rudolf Kaaks, PhD; Joop A.M.J.L. Janssen, MD; Mark F. Wildhagen, PhD; Fritz H. Schröder, MD; Elizabeth A. Platz, ScD; Michael Pollak, MD; Edward Giovannucci, MD; Catherine Schaefer, PhD; Charles P. Quesenberry, Jr., PhD; Joseph H. Vogelman, DEE; Gianluca Severi, PhD; Dallas R. English, PhD; Graham G. Giles, PhD; Pär Stattin, MD; Göran Hallmans, MD; Mattias Johansson, PhD; June M. Chan, ScD; Peter Gann, MD; Steven E. Oliver, PhD; Jeff M. Holly, PhD; Jenny Donovan, PhD; François Meyer, MD; Isabelle Bairati, MD; and Pilar Galan, MD
7 October 2008 | Volume 149 Issue 7 | Pages 461-471
Background: Some, but not all, published results have shown an association between circulating blood levels of some insulin-like growth factors (IGFs) and their binding proteins (IGFBPs) and the subsequent risk for prostate cancer.
Purpose: To assess the association between levels of IGFs and IGFBPs and the subsequent risk for prostate cancer.
Data Sources: Studies identified in PubMed, Web of Science, and CancerLit.
Study Selection: The principal investigators of all studies that published data on circulating concentrations of sex steroids, IGFs, or IGFBPs and prostate cancer risk using prospectively collected blood samples were invited to collaborate.
Data Extraction: Investigators provided individual participant data on circulating concentrations of IGF-I, IGF-II, IGFBP-II, and IGFBP-III and participant characteristics to a central data set in Oxford, United Kingdom.
Data Synthesis: The study included data on 3700 men with prostate cancer and 5200 control participants. On average, case patients were 61.5 years of age at blood collection and received a diagnosis of prostate cancer 5 years after blood collection. The greater the serum IGF-I concentration, the greater the subsequent risk for prostate cancer (odds ratio [OR] in the highest vs. lowest quintile, 1.38 [95% CI, 1.19 to 1.60]; P < 0.001 for trend). Neither IGF-II nor IGFBP-II concentrations were associated with prostate cancer risk, but statistical power was limited. Insulin-like growth factor I and IGFBP-III were correlated (r = 0.58), and although IGFBP-III concentration seemed to be associated with prostate cancer risk, this was secondary to its association with IGF-I levels. Insulin-like growth factor I concentrations seemed to be more positively associated with low-grade than high-grade disease; otherwise, the association between IGFs and IGFBPs and prostate cancer risk had no statistically significant heterogeneity related to stage or grade of disease, time between blood collection and diagnosis, age and year of diagnosis, prostate-specific antigen level at recruitment, body mass index, smoking, or alcohol intake.
Limitations: Insulin-like growth factor concentrations were measured in only 1 sample for each participant, and the laboratory methods to measure IGFs differed in each study. Not all patients had disease stage or grade information, and the diagnosis of prostate cancer may differ among the studies.
Conclusion: High circulating IGF-I concentrations are associated with a moderately increased risk for prostate cancer.
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate, com informações da Universidade de Oxford]
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