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Novo estudo afirma que o aumento do nível do mar pode ser 25% maior que o esperado

degelo

Aquecimento global pode derreter a calota de gelo na Antártida ocidental e causar inundações no litoral da América do Norte e nas nações do Oceano Índico, segundo um artigo publicado pela revista “Science”.

Cientistas da Universidade Estadual do Oregon (EUA) descobriram que, se as previsões sobre o derretimento da camada de gelo da Antártida ocidental se confirmarem, o aumento do nível do mar será maior que o esperado. Matéria da Agência EFE, em Washington, com informações complementares do EcoDebate.

Segundo pesquisas do grupo liderado pelo geofísico Jerry Mitrovica, pela física Natalya Gómez e pelo geocientista Peter Clark, os oceanos podem subir 25% mais do que o esperado, o que causaria grande impacto em cidades litorâneas como Nova York e Washington.

Até pouco tempo atrás, achava-se que o fim do gelo antártico faria o nível do mar subir cinco metros, disse Mitrovica, diretor do Programa de Evolução de Sistemas da Terra no Instituto Canadense de Pesquisas Avançadas.

Esses cálculos, explicou, foram feitos transformando o volume total da calota de gelo em água e considerando que a água derretida se distribuiria por igual no mundo todo.

No entanto, segundo os pesquisadores, esta é uma estimativa simplista, que não leva em conta outros efeitos fundamentais.

Força gravitacional

Em primeiro lugar, quando uma placa de gelo derrete, perde sua força gravitacional e faz com que a água se afaste.

Sendo assim, quando uma calota de gelo se funde, o volume de água diminui em um raio de dois mil quilômetros e, consequentemente, aumenta progressivamente nas áreas mais afastadas.

“Se a placa de gelo no oeste antártico derreter, o nível do mar perto da Antártida diminuirá, mas aumentará muito mais do que o esperado no Hemisfério Norte, por causa deste efeito gravitacional”, explicou o especialista.

O estudo, que será publicado em 6 de fevereiro pela revista ‘Science’, acrescenta que um dos fatores ignorados nas outras simulações é o buraco que ficará no solo rochoso sobre o qual a placa se sustenta.

Os cientistas dizem que primeiro ele se encherá de água. Mas preveem que, depois que o gelo desaparecer, o buraco diminuirá de tamanho, empurrando parte da água em seu interior de volta para o mar, contribuindo para aumento do nível dos oceanos.

Os autores do artigo dizem ainda que, se desaparecer totalmente, a placa de gelo causará uma mudança no eixo de rotação da Terra.

Deslocamento de águas

Esta mudança provocaria um deslocamento na água dos oceanos Atlântico e Pacífico, do sul para o norte, o que afetaria as áreas da América do Norte e do oceano Índico meridional.

“O efeito de todos estes processos é que, se a placa de gelo da Antártida ocidental derreter, o aumento no nível do mar em muitas regiões litorâneas será pelo menos 25% maior que o esperado”, alertou Mitrovica.

Isto se traduziria em um aumento de seis a sete metros do nível do mar, “uma grande quantidade de água adicional, sobretudo ao redor de áreas urbanas como Washington DC, Nova York e a costa da Califórnia”, disse.

A comunidade científica ainda está debatendo que quantidade de gelo desapareceria se a placa ocidental derretesse, mas segundo o cientista, aconteça o que acontecer, “o trabalho comprova que o aumento do nível do mar que se produz em muitas zonas litorâneas povoadas seria muito maior” do que o indicado pelas primeiras estimativas.

* Matéria da Agência EFE, na Folha Online, 06/02/2009 – 00h59.

Nota do Ecodebate: o artigo “The Sea-Level Fingerprint of West Antarctic Collapse“, Mitrovica et al, Science 6 February 2009: 753, DOI: 10.1126/science.1166510, apenas está disponível para assinantes da Revista Science. Para acessar o abstract clique aqui.

Abaixo transcrevemos, na íntegra, o release da Oregon State University

Sea level rise could be worse than anticipated

f global warming some day causes the West Antarctic Ice Sheet to collapse, as many experts believe it could, the resulting sea level rise in much of the United States and other parts of the world would be significantly higher than is currently projected, a new study concludes. The catastrophic increase in sea level, already projected to average between 16 and 17 feet around the world, would be almost 21 feet in such places as Washington, D.C., scientists say, putting it largely underwater. Many coastal areas would be devastated. Much of Southern Florida would disappear.

The report will be published Friday in the journal Science, by researchers from Oregon State University and the University of Toronto. The research was funded by the National Science Foundation and other agencies from the U.S. and Canada.

“We aren’t suggesting that a collapse of the West Antarctic Ice Sheet is imminent,” said Peter Clark, a professor of geosciences at Oregon State University. “But these findings do suggest that if you are planning for sea level rise, you had better plan a little higher.”

The Intergovernmental Panel on Climate Change has estimated that a collapse of this ice sheet would raise sea levels around the world by about 16.5 feet, on average, and that figure is still widely used. However, that theoretical average does not consider several key forces, such as gravity, changes in the Earth’s rotation or a rebound of the land on which the massive glacier now rests, scientists say in the new study.

Right now, this ice sheet has a huge mass, towering more than 6,000 feet above sea level over a large section of Antarctica. This mass is sufficient to exert a substantial gravitational attraction, researchers say, pulling water toward it – much as the gravitational forces of the sun and moon cause the constant movement of water on Earth commonly known as tides.

“A study was done more than 30 years ago pointing out this gravitational effect, but for some reason it became virtually ignored,” Clark said. “People forgot about it when developing their sea level projections for the future.”

And aside from incorporating the gravitational effect, the new study adds further wrinkles to the calculation – the weight of the ice forcing down the land mass on which it sits, and also affecting the orientation of the Earth’s spin. When the ice is removed, it appears the underlying land would rebound, and the Earth’s axis of rotation defined by the North and South Pole would actually shift about one-third of a mile, also affecting the sea level at various points.

When these forces are all taken into calculation, the sea level anywhere near Antarctica would actually fall, the report concludes, while many other areas, mostly in the Northern Hemisphere, would go up.

If the West Antarctic Ice Sheet completely melted, the East Coast of North America would experience sea levels more than four feet higher than had been previously predicted – almost 21 feet – and the West Coast, as well as Miami, Fla., would be about a foot higher than that. Most of Europe would have seas about 18 feet higher.

“If this did happen, there would also be many other impacts that go far beyond sea level increase, including much higher rates of coastal erosion, greater damage from major storm events, problems with ground water salinization, and other issues,” Clark said. “And there could be correlated impacts on other glaciers and ice sheets in coastal areas that could tend to destabilize them as well.”

It’s still unclear, Clark said, when or if a breakup of the West Antarctic Ice Sheet might occur, or how fast it could happen. It may not happen for hundreds of years, he said, and even then it may not melt in its entirety. Research should continue to better understand the forces at work, he said.

“However, these same effects apply to any amount of melting that may occur from West Antarctica,” Clark said. “So many coastal areas need to plan for greater sea level rise than they may have expected.”

A significant part of the concern is that much of the base of this huge ice mass actually sits below sea level, forced down to the bedrock by the sheer weight of the ice above it. Its edges flow out into floating ice shelves, including the huge Ross Ice Shelf and Ronne Ice Shelf. This topography makes it “inherently unstable,” Clark said.

“There is widespread concern that the West Antarctic Ice Sheet, which is characterized by extensive marine-based sectors, may be prone to collapse in a warming world,” the researchers wrote in their report.

[EcoDebate, 07/02/2009]

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