‘Ninguém deixa de ser índio porque usa celular ou anda na cidade’. Entrevista com Aloir Pacini
“As pessoas confundem as coisas. Não acreditam que os índios são sujeitos de sua história, tomam iniciativas no sentido de garantir seus direitos. São os próprios índios que gritam alto nos diferentes lugares pelos seus direitos.” A opinião é do antropólogo e padre jesuíta Aloir Pacini, em entrevista concedida por e-mail para a IHU On-Line. Ao falar sobre os dilemas culturais dos povos indígenas, ele ressalta a importância de corrigir a visão dos índios como “menores, crianças que devem ser tuteladas”. No convívio que teve com os índios, Pacini afirma perceber que eles tomam as suas decisões e continuam mantendo-as, mesmo que contrárias ao pensamento do missionário que trabalha com eles. E, sobre a violência contra os índios, ele constata: “Há uma consciência culpada na sociedade brasileira de que ‘roubamos’ os índios e isso leva as pessoas a quererem resolver os problemas ‘na bala’, porque pensam não ser possível por meios legais”. Aloir Pacini possui graduação em Filosofia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, e mestrado em Antropologia Social, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e está cursando doutorado em Antropologia, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Confira a entrevista.
IHU On-Line – Na sua opinião, como os índios são vistos no imaginário social brasileiro? Qual é a contribuição da mídia para a construção da imagem social que o índio possui hoje no Brasil?
Aloir Pacini – Convém inicialmente colocar que a palavra índio é uma atribuição que nós damos para um conjunto de populações autóctones das Américas. Eles não se diziam índios antes de nós assim os chamarmos. Eles se autodenominam Rikbaktsa, Kisêdjê, Enawene Nawe… As visões sobre os índios se polarizam em duas posições que se dividem entre os que idealizam romanticamente os índios e os que os demonizam. O saudoso Pe. Adalberto de Holanda Pereira, que veio do Nordeste do Brasil e passou boa parte de sua vida no Mato Grosso pesquisando os mitos dos povos com quem os jesuítas trabalhavam, repetia sempre que os índios têm pecado original. São seres humanos como nós. Na verdade, ele queria chamar a atenção para o fato de que os povos indígenas são gente, possuem culturas diferentes, mas participam de uma mesma humanidade. Em geral, o imaginário brasileiro sobre os índios é de colocá-los numa redoma (puros e imaculados), uma espécie de zoológico para podermos olhá-los as suas diferenças como se fossem naturais, não construídas socialmente. O exótico é o que chama a atenção. Por isso, os meios de comunicação social fazem questão de mostrar os índios com os estereótipos, que são cocares, arco-e-flecha, casas de palha, sem roupa e assim por diante. Mas também parte da mídia, muitas vezes comprometida com os interesses da exploração das riquezas dos territórios indígenas, a exibição do índio “corrompido, perambulando pelas cidades, bêbado, que deixa os filhos morrendo desnutridos porque troca a sexta básica por pinga…” não mostra a complexidade das relações dos índios com a sociedade envolvente! A questão é encontrar o equilíbrio das posições e compreender o que levou as pessoas a chegarem onde estão.
IHU On-Line – O senhor acredita na simbiose pacífica e harmônica de valores entre a cultura do índio e do “homem branco”?
Aloir Pacini – De forma alguma. Entre pessoas diferentes, sempre existem tensões quando se encontram. No nível cultural, as coisas parecem acontecer de forma mais tranqüila, pois os diálogos culturais estão acontecendo desde que os portugueses aportaram por aqui. Mas não é algo pacífico, e nem simbiose. Os índios mostram sua cultura através de alguns sinais diacríticos, mas também a sua cultura está na maneira de se relacionar com a natureza, de migrar. Por exemplo, os Guarani, que estão em busca da terra sem males e estão se espalhando pelas cidades do Sul do Brasil, o seu território tradicional, que agora está ocupado pela nossa sociedade. Eles fazem isso culturalmente, e as pessoas os olham com estranheza pela condição em que vivem. Mas o difícil mesmo é que as pessoas de culturas diferentes estão também interessadas em tomar os “bens” indígenas e o Estado do Brasil cresceu sobre os territórios dos povos indígenas. Ainda hoje, as terras indígenas são patrimônio da União. Os conflitos maiores com a nossa sociedade surgem quando os índios pedem à Funai demarcação de seu território tradicional para terem o usufruto do que está na florestas e rios.
IHU On-Line – Quais são as características culturais do índio nos contextos urbanos? Um índio pode usufruir da tecnologia contemporânea sem deixar de ser índio, não é?
Aloir Pacini – Certamente, ninguém deixa de ser índio porque usa celular ou anda na cidade. Como eu não me tornei um Rikbaktsa nos dois anos em que estive com eles, mas aprendi muito com esta convivência! Os índios estão aí, bem perto de nós. O censo de 2000 assustou-nos porque cerca de 50% dos que se disseram índios estão na cidade. Em Porto Alegre e Campo Grande, por exemplo, os índios formam aldeias em contextos urbanos. Outros exemplos são cidades formadas com grande parcela de sua população indígena (Manaus e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, ou Porto Esperidião, no Mato Grosso). Tradições culturais como as nossas são construídas socialmente, são dinâmicas e se modificam no processo histórico. Por isso, não vamos ver os Guarani e Kaingang sem roupa andando por Porto Alegre, mas o modo de se organizarem e de pensarem é diferente. A Constituição de 1988 reconhece como índio no Brasil quem assim se diz, é reconhecido pelos seus pares e vive em comunidade. Em Porto Alegre e São Leopoldo, os sinais visíveis desta diferença aparecem primeiro nas línguas e nos balaios (vãfy), para os Kaingang, e nas esculturas zoomorfas em madeira (bichinhos) dos Guarani. Mas eles são mais do parecem! Os Guarani possuem uma religiosidade intensa, podem passar horas cantando e rezando mesmo nas ruas da cidade, uma religiosidade que acompanha quem adquire um de seus objetos. Já os Kaingang, que pertencem ao tronco lingüístico Jê, possuem uma organização cosmológica em metades, marcam sua cultura nos espaços geográficos e esforçam-se para ter um domínio de toda a cidade.
IHU On-Line – Como se dá a transformação dos índios de objetos para sujeitos da história?
Aloir Pacini – Eles sempre, de alguma forma, construíram sua história. Infelizmente, foram envolvidos com a nossa história desde que viemos para cá e fomos construindo o Brasil sem respeitá-los. Os portugueses tinham uma convicção incrível de que eles eram a civilização e os índios eram selvagens e por isso podiam espoliá-los de muitas formas. Quando não cediam, era questão de declará-los inimigos da Coroa e guerrear contra eles. Os índios “mansos” eram, dependendo do ponto de vista, aliados ou traidores. Na sua maioria, morreram com as doenças trazidas da Europa, verdadeiras epidemias grassaram nas aldeias. Os índios fugiam de um lugar para o outro levando a peste negra, varíola, varicela, gripe, malária. As alianças que os indígenas faziam como a Confederação dos Tamoios eram formas de agir diante do mundo que se apresentava. Hoje, os povos indígenas se organizam em ONGs e atuam na estrutura de governo, assumindo também cargos políticos. Mas eles estão sendo sujeitos da história mesmo onde vivem, interagindo com as pessoas, valorizando os seus pares dentro das aldeias e defendendo seus direitos numa visão do Brasil enquanto pluriétnico e multicultural, que marcou a nossa Constituição Federal de 1988. Os índios não precisam mais deixar de ser índios para serem brasileiros. Eles contribuem na construção da nação brasileira na sua diversidade, com o que são tradicionalmente e participando das instâncias políticas locais, estaduais e federais como cidadãos deste Brasil.
IHU On-Line – O que fazer para que a sociedade valorize e respeite a cultura indígena?
Aloir Pacini – A sociedade brasileira tem dentro de si uma sensação legítima de que somos um pouco índio. As crianças, na Semana dos Povos Indígenas, em abril, fazem questão de se pintarem e dançarem como os índios. Isso é uma forma de valorizar o diferente. Outra forma é estudar estes povos para compreendê-los melhor, para não impor o nosso modo de ser. Mas difícil é respeitar sua cultura, garantindo seus direitos tradicionais ao território, aos meios que tradicionalmente tinham para viver. Nós achamos que, porque eles têm muita terra, podemos tomá-la porque assim fizemos nos últimos 500 anos. É como se olhássemos para o vizinho que tem mais do que nós e tivéssemos o “direito de pegar” só pelo fato de ele ter mais do que nós. Pior: o mais dramático é que pensamos que podemos tirar deles porque são etnicamente diferentes de nós e são como crianças. Isso vem da maneira como os próprios índios historicamente nos acolheram, oferecendo-nos o que eles tinham de melhor. Assim foi com os Rikbaktsa. Já na primeira vez que fui estar com eles, logo ofereciam chicha e, nos banquetes, era eu quem deveria receber o melhor pedaço de carne, no caso uma cabeça de macaco cozida dentro do mingau de castanha brasileira ralada.
IHU On-Line – Quais são as principais contribuições da ciência indígena para o Brasil e para o mundo do conhecimento ocidental do “homem branco” atual?
Aloir Pacini – Organizei, na 56ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência na UFMT, uma área de atividades que foi bem concorrida: SBPC e a Ciência Indígena. Foi a ciência indígena que desenvolveu a maioria dos produtos agrícolas que consumimos hoje no Brasil e no mundo, como o milho, o tomate, os diferentes tipos de tubérculos, as inúmeras qualidades de mandioca e batata. Também recebemos os conhecimentos sobre plantas medicinais, muitos remédios farmacêuticos que usamos estão baseados nos conhecimentos que recebemos dos xamãs indígenas e poderíamos fazer um relatório imenso destas contribuições. Mas quero aqui chamar a atenção para o fato de que cada uma das 220 etnias que existem no Brasil, com cerca de 160 línguas, possui uma riqueza enorme de conhecimentos, de elaboração da experiência humana que se mostra tão diversa no planeta terra. As cosmologias que foram sendo elaboradas durante milênios foram traduzidas em organizações sociais e culturais e em rituais tão intensos, que envolvem as suas comunidades nas quais tive oportunidades únicas de participar. Estas são as contribuições maiores para a construção do Brasil. Cada etnia indígena é incomensurável, é parte do Brasil, um Brasil de cara nova, etnicamente múltiplo.
IHU On-Line – Como o senhor avalia a política de demarcação de terras para os índios e a postura da Funai? Qual é a sua opinião sobre o que vem ocorrendo em Raposa Serra do Sol?
Aloir Pacini – Aqui está a ponta de um iceberg. As coisas não começaram com as declarações do Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno para O Globo, quando criticou duramente o governo, dizendo que a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, demarcada por FHC em 1998 e homologada por Lula em 2005, constitui uma ameaça à soberania nacional. Seguiu o chefe do Estado Maior do Leste, general Mário Madureira, que apontou o “risco” de os índios solicitarem a separação dessas terras do Brasil, como em Kosovo, coisa de quem não tem o que fazer. O coronel Jarbas Passarinho disse que Raposa Serra do Sol é uma “fronteira viva”, ocupada por fazendas produtivas, que sua demarcação ameaça a integridade nacional. Aqui está o problema: a idéia disseminada entre os brasileiros é de que índio é preguiçoso e não produtivo. Precisamos pegar suas terras para produzir, no caso, arroz. Essa polêmica pegou fogo porque mexeu com a intuição nacional de que a Amazônia já foi vendida para o capital estrangeiro não pelos índios, mas como propriedades privadas em nome de “laranjas”. Foram muitos anos de luta dos Macuxi para conseguirem demarcar suas terras. Alguns poucos arrozeiros conseguiram cooptar alguns Macuxi, que trabalhavam para eles, para serem “bucha de canhão”, por isso resistem, armados, a uma ordem judicial. O próprio Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a operação de retirada dos grileiros, ocupantes ilegais da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e assim estimula os grupos que reagem com violência contra a lei quando ela fere seus interesses. O Globo desinforma em manchetes que os índios querem decepar o Brasil, como se deixar de plantar arroz na Terra Indígena implicasse em não plantar em outros lugares: “desestabilização da agricultura local”. Importante aqui é saber que o governo “não deu terras” aos índios. Foi a Constituição de 1988 que reconheceu o direito dos Macuxi usufruírem dos territórios que ocupam tradicionalmente. Trata-se de uma política de Estado. As terras indígenas são propriedade da União, e existem bases militares dentro das terras indígenas de faixa de fronteira. Por que o usufruto pelos índios de terras que ocupam milenarmente ameaçaria a soberania nacional? Os Macuxi, como os Xavante e todos os índios no Brasil, se sentem brasileiros, amam o Brasil e o defenderão, armados com arco-e-flecha se preciso for.
IHU On-Line – Na sua opinião, o trabalho de registro e preservação da cultura indígena está sendo bem feito no Brasil?
Aloir Pacini – A arte material indígena foi sempre cobiçada e levada para os diferentes museus, mas ela foi confeccionada dentro de um contexto. É a vida do povo que precisa ser conhecida para compreender o sentido de cada artefato. Muitas destas coleções de artefatos precisam ser completadas e outras iniciadas. As universidades têm produzido muito material a respeito dos povos indígenas, especialmente os departamentos de antropologia e os museus. Mas, em geral, este conhecimento fica restrito ao campus. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) está fazendo um esforço de registro do patrimônio imaterial e aí entram também as festas e rituais que os povos indígenas realizam. Participei no Ministério da Cultura de um Grupo de Trabalho da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural que pensa a inclusão das culturas indígenas nos programas de incentivo cultural deste Ministério e criamos o Prêmio Culturas Indígenas que, na Edição Ângelo Creta, 2006, premiou 80 ações culturais com R$ 15.000,00. Acompanhei especificamente, no final do ano passado, a Aldeia Vila Nova Barbeicho, dos Chiquitano, na apresentação da sua cerâmica tradicional para a edição Xicão Xucuru, do prêmio 2007. Serão premiadas 100 iniciativas culturais indígenas e eles estão com esperança de conseguir o prêmio agora. Não conseguiram o prêmio anteriormente por causa da dificuldade de registro do processo de confecção das cerâmicas. Esta parece ser, como outras tantas, uma forma de incentivo para os diferentes povos, mas existe ainda muito trabalho a ser feito em termos de pesquisas e de registros.
IHU On-Line – Como o senhor define a espiritualidade e a mística das populações indígenas e como se relacionam, nesse aspecto, com as crenças cristãs do “homem branco”?
Aloir Pacini – Penso que as pessoas verdadeiramente religiosas tenham uma sensibilidade para perceber a grandiosidade da maneira dos outros religiosos se expressarem. O diálogo inter-religioso é algo que está na ordem do dia. As diferentes tradições religiosas trazem contribuições valiosas para a compreensão de nós mesmos enquanto seres humanos que remetem suas vidas a um transcendente, mas também contribuições para a compreensão deste mundo que nos transcende. Os povos indígenas possuem religiões que estão inseridas dentro de todo o conjunto sociocultural que lhes é próprio. Por isso, são preciosidades que devem ser consideradas no diálogo que nos enriquece enquanto cristãos também. Por exemplo, Auca Rikbaktsa disse para o Pe. João Dornstauder, que eles também tinham “Cristo” logo depois de ele ter conseguido pacificar a guerra contra os seringueiros em 30 de julho de 1957. Provavelmente, associou o personagem da história judaica-cristã com um herói civilizador da tradição Rikbaktsa. Mas ali já começou um diálogo religioso que continua até hoje com o Pe. Balduíno que já está lá com eles há cerca de 40 anos. A mística indígena, em geral, possui uma relação religiosa com os seres da natureza porque são espíritos, possuem agência e interagem com o ser humano, algo semelhante ao que São Francisco de Assis percebeu quando tratava tudo como irmão e irmã. Por isso, João Paulo II foi ali rezar pela paz com os representantes das outras religiões do mundo. Os diálogos religiosos são gostosos, nos enriquecem, permitem que cresçamos como gente e nos tornemos melhores. Não se dialoga com o mesmo porque não teríamos o que falar; só com os diferentes é que podemos entrar em diálogo.
IHU On-Line – Como é a questão das ameaças de grupos historicamente contrários aos povos indígenas aos missionários que trabalham com os índios?
Aloir Pacini – Este assunto espinhoso é complicado. As pessoas confundem as coisas. Pensam que quem trabalha com os índios tem “domínio” sobre eles. Isso porque não acreditam que os índios são sujeitos de sua história e tomam iniciativas, no sentido de garantir seus direitos. Esta visão dos índios como menores, crianças que devem ser tuteladas, é herança das Missões e do Marechal Candido Rondon, criador do Serviço de Proteção aos Índios. Percebo que os índios tomam as suas decisões, muitas vezes sem que os que estão trabalhando com eles o saibam, outras vezes acontecem diálogos e os índios continuam mantendo suas decisões, mesmo que contrárias ao pensamento do missionário. Quem trabalha com os índios é ameaçado porque entram em jogo questões sérias de riquezas minerais, madeira, invasão e arrendamento de terras. Há uma consciência culpada na sociedade brasileira de que “roubamos” os índios, e isso leva as pessoas a quererem resolver os problemas “na bala”, porque pensam não ser possível por meios legais. Por exemplo, as terras tradicionais dos Chiquitano, na fronteira com a Bolívia, foram tomadas por fazendeiros, muitos deles políticos que não possuem títulos legítimos das terras. Nestes casos, uma ilusão de solução é ameaçar quem poderia falar algo contrário a estes interesses porque sempre existirão profetas, sejam eles missionários ou não. Assim pensam que ameaçar o Pe. Balduíno Loebens, o Pe. Isidoro Salomão ou o Pe. Felício Fritsch resolve alguma coisa, mas a história mostra que os martirizados, como o Pe. João Bosco Burnier ou o Ir. Vicente Cañas, reforçaram a luta dos índios. Falo de ilusão porque não são os missionários que ameaçam as pretensões de usurpação dos territórios indígenas, mas são os próprios índios que gritam alto nos diferentes lugares pelos seus direitos.
(Ecodebate, 03/02/2009) publicado pelo IHU On-line [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
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