Nova pesquisa indica que o aquecimento global reduzirá o oxigênio nos oceanos, por Henrique Cortez
A continuada emissão de gases de estufa poderia levar, em longo prazo, na redução de oxigênio nos oceanos, com potenciais efeitos negativos sobre os peixes e outros animais marinhos durante milhares de anos.
[Ecodebate] Em artigo [Long-term ocean oxygen depletion in response to carbon dioxide emissions from fossil fuels], publicado na edição online, desta semana, da Nature Geoscience, o pesquisador Gary Shaffer e colegas simularam os efeitos do aumento dos gases estufa, de origem antropogênica, em um modelo que estimou as condições da Terra e dos oceanos em até 100 mil anos no futuro.
Os pesquisadores avaliaram dois cenários de emissões – moderado e elevado de emissões – conforme definidos e utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).
Em suas simulações a superfície do oceano perde oxigênio principalmente em resposta ao aquecimento, através de uma diminuição da solubilidade do gás na água do mar. No entanto, mesmo o oceano em profundidade também é afetado, resultando em uma circulação mais lenta, em comparação com o clima de hoje, que traz oxigênio de profundidade para as águas superficiais.
Os pesquisadores concluem que uma redução substancial do uso de combustíveis fósseis nas próximas gerações é necessária para evitar extensos danos ao oxigênio estocado nos oceanos.
Crescem as pesquisas que indicam os severos impactos de longo prazo do aquecimento global e das mudanças climáticas, como esta nova pesquisa comprova. Ela deve ser considerada como pioneira no campo da avaliação dos impactos de longo prazo do aquecimento global. E isto é relevante, na medida em que a escala de tempo dos fenômenos geoquímicos e geofísicos é da ordem de milhares de anos.
Não é alarmismo afirmar que, com o aquecimento global e as mudanças climáticas, criamos problemas ambientais com a dimensão de um episódio de extinção maciça, com raros precedentes na longa e conturbada historia natural do nosso planeta.
O artigo “Long-term ocean oxygen depletion in response to carbon dioxide emissions from fossil fuels” apenas está disponível para acesso dos assinantes da revista Nature Geoscience e, por isto, abaixo transcrevemos o abstract:
Long-term ocean oxygen depletion in response to carbon dioxide emissions from fossil fuels
Gary Shaffer1,2,3, Steffen Malskær Olsen3,4 & Jens Olaf Pepke Pedersen3,5
Nature Geoscience – Published online: 25 January 2009 | doi:10.1038/ngeo420
Ongoing global warming could persist far into the future, because natural processes require decades to hundreds of thousands of years to remove carbon dioxide from fossil-fuel burning from the atmosphere1, 2, 3. Future warming may have large global impacts including ocean oxygen depletion and associated adverse effects on marine life, such as more frequent mortality events4, 5, 6, 7, 8, but long, comprehensive simulations of these impacts are currently not available. Here we project global change over the next 100,000 years using a low-resolution Earth system model9, and find severe, long-term ocean oxygen depletion, as well as a great expansion of ocean oxygen-minimum zones for scenarios with high emissions or high climate sensitivity. We find that climate feedbacks within the Earth system amplify the strength and duration of global warming, ocean heating and oxygen depletion. Decreased oxygen solubility from surface-layer warming accounts for most of the enhanced oxygen depletion in the upper 500 m of the ocean. Possible weakening of ocean overturning and convection lead to further oxygen depletion, also in the deep ocean. We conclude that substantial reductions in fossil-fuel use over the next few generations are needed if extensive ocean oxygen depletion for thousands of years is to be avoided.
1. Niels Bohr Institute, University of Copenhagen, Juliane Maries Vej 30, 2100 Copenhagen, Denmark
2. Department of Geophysics, University of Concepcion, Casilla 160-C, Concepcion 3, Chile
3. Danish Center for Earth System Science, Gl Strandvej 79, 3050 Humlebæk, Denmark
4. Danish Meteorological Institute, Lyngbyvej 100, 2100 Copenhagen, Denmark
5. National Space Institute, Technical University of Denmark, Juliane Maries Vej 30, 2100 Copenhagen, Denmark
[Matéria de Henrique Cortez, do EcoDebate, 30/01/2009]
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