Estudo conclui que pesticidas podem afetar a fertilidade feminina, por Henrique Cortez
[EcoDebate] Mulheres com potencial de exposição a pesticidas em casa ou no trabalho levam mais tempo para engravidar do que as mulheres sem conexões com pesticidas.
Foi o que concluiu um estudo [DDT exposure, work in agriculture and time to pregnancy among farmworkers in Califórnia], publicado pelo Journal of Occupational and Environmental Medicine.
A pesquisa, realizada em uma comunidade agrícola da Califórnia, junto a mulheres grávidas, demonstrou que as mulheres que trabalhavam diretamente na agricultura, ou que viviam próximas de campos agrícolas em que ocorria o uso de pesticidas, tiveram uma demora significativamente mais longa para conceber, do que aquelas que não estavam expostas aos pesticidas.
Os resultados são semelhantes às conclusões de estudos anteriores. Muitos estudos têm encontrado uma relação entre pesticidas e fertilidade masculina, incluindo os efeitos na saúde do esperma. No entanto, poucos estudos têm analisado como a exposição a pesticidas pode afetar a capacidade da mulher de engravidar.
Neste estudo, os pesquisadores analisaram dois tipos de pesticidas: DDT como aqueles que foram proibidos na década de 1970 e os que são atualmente utilizados na agricultura.
Os níveis de DDT eram bastante elevados, pois a maioria das mulheres era de imigrantes mexicanas e o DDT foi utilizado no México até o ano de 2000.
No entanto, as mulheres que relataram exposição aos pesticidas atualmente utilizados apresentaram uma probabilidade de 30% menor de engravidar, em qualquer mês, do que as mulheres sem exposição ocupacional. As mulheres que relataram que os pesticidas foram utilizados em suas casas também apresentaram redução de fertilidade, em comparação com aquelas que não utilizam agrotóxicos.
Os pesquisadores pediram que 402 mulheres e seus parceiros relatassem a exposição aos pesticidas em sua casa e no trabalho. Eles também relataram quanto tempo levou para engravidar, medido o número de ciclos menstruais antes da concepção.
Apenas exposição materna esteve associada com maior tempo de gestação; a exposição ocupacional paterna não foi associada com a fertilidade. Os autores salientam que só as mulheres já grávidas foram entrevistados. Se casais estéreis fossem incluídos no estudo, é possível que um efeito ainda maior dos pesticidas fosse percebido.
O artigo “DDT exposure, work in agriculture and time to pregnancy among farmworkers in California”, de Harley, KG, AR Marks, A Bradman, DB Barr and B Eskenazi, publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine, December 2008, Volume 50, Issue 12, apenas está disponível para acesso aos assinantes.
Abaixo transcrevemos o abstract:
Abstract
Objective: This study examined whether exposure to pesticides, including dichlorodiphenyltrichloroethane (DDT), was associated with longer time to pregnancy (TTP).
Methods: Pregnant women (N = 402) living in a migrant farmworker community were asked how many months they took to conceive. Women reported their and their partners’ occupational and home pesticide exposure preceding conception. In a subset (N = 289), levels of DDT and dichlorodiphenyldichloroethylene (DDE), were measured in maternal serum.
Results: No associations were seen with p, p?-DDT, o, p?-DDT, or p, p?-DDE. Maternal occupational pesticide exposure (fecundability odds ratios [fOR] = 0.8, 95% CI: 0.6 to 1.0), home pesticide use (fOR = 0.6, 95% CI: 0.4 to 0.9), and residence within 200 ft of an agricultural field (fOR = 0.7, 95% CI: 0.5 to 1.0) were associated with reduced fecundability (ie, longer TTP).
Conclusions: Longer TTP was seen among women, but not men, reporting exposure to agricultural and home pesticides.
Kim Harley, PhD, Center for Children’s Environmental Health Research, School of Public Health, University of California, Berkeley, 2150 Shattuck Ave, Suite 600, Berkeley, CA 94704-7380; E-mail: kharley@berkeley.edu.
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 17/01/2009]
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