Mapa do Greenpeace expõe os impactos do avanço da soja sobre a floresta no oeste do Pará
Comunidades tradicionais de Santarém e Belterra, no oeste do Pará, lançaram hoje a bordo do navio do Greenpeace, Arctic Sunrise, um mapa inédito que expõe os impactos da produção de soja na região. Além de desmatamento, foram mapeados vários outros problemas associados à expansão desordenada da soja, como igarapés assoreados ou contaminados por agrotóxicos, acessos tradicionais bloqueados pelas plantações e desaparecimento de comunidades tradicionais. O projeto possibilitou ainda o mapeamento de 121 comunidades, algumas que nunca tinham sido incluídas em nenhum outro mapa disponível da região.
“Eu vejo o mapa como uma imagem de um microscópio por que a gente vê no mapa aquilo que a gente costumava não ver”, disse um comunitário que participou do mapeamento e que não quis ser identificado. A iniciativa, apoiada pelo Greenpeace e Projeto Saúde e Alegria (PSA), capacitou mais de 50 lideranças de 28 diferentes comunidades no uso de GPS e interpretação de imagens para mapear e documentar os impactos da expansão da soja na região, e foi liderada pelos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém e Belterra.
As comunidades tradicionais da Amazônia detêm um vasto conhecimento dos espaços que ocupam. Em uma região marcada pela falta de governança, esse conhecimento é crucial para a defesa de territórios e dos recursos naturais.
“Ao unir conhecimento tradicional a técnicas modernas de mapeamento, os povos da floresta estão mais preparados para lutar pelos seus direitos e participar da gestão de seus próprios territórios”, disse Raquel Carvalho, da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Esse tipo de iniciativa permite que os comunitários produzam seus próprios mapas, fazendo um contraponto importante à inexistência desse tipo de informação – oficial ou não”.
Além de fortalecer o conhecimento tradicional, o mapa é um retrato atual dos impactos da soja na região. “A mitigação destes impactos deve ser incorporada às análises do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do porto graneleiro da Cargill, que ainda aguarda audiência pública”, disse Raquel. De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 2002, o cultivo de soja no estado do Pará ocupava cerca de dois mil hectares. No ano seguinte, após a instalação do porto da Cargill em Santarém, a área cultivada saltou para 35 mil hectares.
Essa expansão acelerada da soja na região ocorreu em várias outras áreas do bioma e foi alvo de intensa campanha do Greenpeace, que resultou na assinatura da Moratória da Soja, um compromisso assumido pela Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais) de não comercializar soja plantada em novos desmatamentos a partir de agosto de 2006. Ainda que tenha resultados positivos até agora, a moratória se limita a conter a abertura de novas áreas e não elimina os demais impactos da produção do grão dentro do bioma – principalmente na área de influência direta do porto –, nem pretende ser uma solução definitiva.
“A moratória é a melhor estratégia para reduzir o avanço do desmatamento sobre o bioma Amazônia pelo menos até que os mecanismos de governança necessários estejam implementados”, disse Raquel Carvalho, do Greenpeace.
O avanço da fronteira agrícola é uma das principais causas de desmatamento, acarretando em perda de biodiversidade e recursos naturais, deslocamento de populações tradicionais e aquecimento global. A destruição das florestas e mudanças no uso do solo, principalmente na Amazônia, são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gás carbônico, colocando o país como o quarto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. A floresta amazônica é de fundamental importância para o equilíbrio do clima global. A manutenção da cobertura florestal tropical pode evitar que 800 milhões de toneladas de carbono sejam liberadas na atmosfera por ano.
Salvar o planeta. É agora ou agora.
O lançamento do mapa comunitário dos impactos da soja na região de Santarém e Belterra faz parte da expedição do Greenpeace “Salvar o planeta: É agora ou agora” para alertar a população brasileira sobre os problemas causados pelo aquecimento global e pressionar os governos a tomarem medidas urgentes contra os impactos das mudanças climáticas.
Para fazer a sua parte, o Brasil deve se comprometer com metas setoriais de redução de gases do efeito estufa, zerando o desmatamento da Amazônia até 2015, promovendo fontes renováveis de energia e eficiência energética e implementando uma rede de áreas marinhas para proteger os oceanos.
O navio do Greenpeace saiu de Manaus (AM) e segue agora para Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP) e, durante os finais de semana, estará aberto à visitação pública. Os visitantes serão informados, de uma forma lúdica e interativa, sobre os problemas causados pelas mudanças climáticas. A entrada é gratuita. Confira as datas e o roteiro do navio e acompanhe a expedição em www.greenpeace.org.br
Fonte: Greenpeace
* Nota enviada pelo Fórum Carajás.
[EcoDebate, 17/01/2009]
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Até lá
CONVITE
A Comissão Pastoral da Terra de Santarém convida para sua atividade no Fórum Social Mundial.
A CPT está convidando para uma Mesa de Diálogo que será apresentada durante o FÓRUM Social Mundial que acontecerá em Belém com o tema:
Os Impactos Sociais da Soja no Pará:
A Moratória da Soja para quem?;
A Dinâmica do uso da terra e o avanço da agricultura de grãos na região de Santarém;
A Sojicultura na Amazônia: mudança no padrão de uso da terra e a dinâmica populacional em Belterra Pa.
O evento acontecerá no dia 29 de janeiro na cidade de Belém, na Universidade Federal do Pará, Departamento Profissional, sala dp 07, das 12:30 as 15:30 h.
Assim, baseado em sua articulação e interesse a respeito da temática, convidamos você e sua entidade para estarem conosco.
Atenciosamente
CPT – Santarém