Estudo avalia os impactos de secas e inundações em sequência, por Henrique Cortez
[EcoDebate] Quando extremos de seca e inundações vêm em rápida sucessão, a extensão dos danos para a vegetação pode depender, em parte, da sequência destes acontecimentos, de acordo com um novo estudo publicado na revista The American Naturalist.
O estudo, que incidiu sobre espécies de árvores comuns aos Everglades, na Flórida, descobriu que as mudas mantinhas taxas de crescimento mais elevadas e eram menos propensas a morrer quando submetidas à seca e, em seguida, às inundações, e não vice-versa. Os resultados poderiam ter implicações significativas para a previsão de como a vegetação responde a condições climáticas extremas, especialmente no meio de previsões cada vez mais severas de secas e inundações associadas com as mudanças climáticas. É o que afirmam os autores ShiLi Miao (South Florida Water Management District), Chris B. Zou e David D. Breshears (ambos da Universidade de Arizona).
De acordo com o Dr. Miao, a maioria dos estudos anteriores, sobre como a vegetação responde a eventos hidrológicos, foram largamente baseados em respostas a uma única condição hidrológica. Poucos estudos têm investigado vários eventos em sucessão.
“Nossa pesquisa sugere que você não pode realmente prever como as plantas irão responder a combinações de secas e inundações por estudos que olham apenas em uma única seca ou inundação como evento único e isolado”, disse o Dr. Miao. “Nós achamos que as plantas respondem de modo muito diferente, dependendo da seqüência de inundações e seca.”
Numa estufa, a equipe do Dr. Miao submeteu mudas a simulações de seqüências de condições de seca e deinundações, com cada fase durando quatro meses.
As três espécies escolhidas para os experimentos têm diferentes tolerâncias para eventos hidrológicos. A Annona glabra tende a ser tolerante inundação. O Bursera simaruba, tende a ser tolerante à seca. O Bordo Vermelho (acer rabrum, também conhecido como paludícola ácer) tem tolerância mediana à seca e inundações.
Cada uma das espécies testadas apresentou maior mortalidade e menor taxa de crescimento quando inundação precedia a seca, comparando quando a seca ocorria primeiro.
O estudo tem implicações para a restauração dos Everglades e de outros sistemas aquáticos.
A pesquisa, em princípio, também abre novas perspectivas para pesquisadores brasileiros, tendo em vista que, nos últimos anos, vem ocorrendo, no Brasil, freqüentes eventos de secas e inundações em sequencia ou o contrário.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, estas sequências já ocorreram com frequência nos últimos 10 anos e isto pode ter impactos na agricultura, alterando a produção e a produtividade agrícola, em razão da sequencia de eventos.
Informações e contatos sobre a pesquisa com Gabe Margasak
South Florida Water Management District
Office: (561) 682-2292 or Cellular: (561) 670-1245
O artigo “Vegetation Responses to Extreme Hydrological Events: Sequence Matters” apenas está disponível para acesso aos assinantes da revista The American Naturalist.
Abaixo estão informações sobre a publicação e o abstract.
Vegetation Responses to Extreme Hydrological Events: Sequence Matters.
ShiLi Miao, Chris B. Zou, and David D. Breshears
The American Naturalist
January 2009, Vol. 173, No. 1: pp. 113-118
(doi: 10.1086/593307)
Abstract:
Extreme hydrological events such as flood and drought drive vegetation dynamics and are projected to increase in frequency in association with climate change, which could result in sequences of extreme events. However, experimental studies of vegetation responses to climate have largely focused on responses to a trend in climate or to a single extreme event but have largely overlooked the potential for complex responses to specific sequences of extreme events. Here we document, on the basis of an experiment with seedlings of three types of subtropical wetland tree species, that mortality can be amplified and growth can even be stimulated, depending on event sequence. Our findings indicate that the impacts of multiple extreme events cannot be modeled by simply summing the projected effects of individual extreme events but, rather, that models should take into account event sequences.
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 12/01/2009]
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