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Notícia

Toxinas podem afetar o desenvolvimento do cérebro, por Henrique Cortez

[Mercury and other toxins may affect the development of the brain, by Henrique Cortez]

International Journal of Environment and Health
International Journal of Environment and Health

Recentes estudos indicam que a exposição aos produtos químicos tóxicos, tais como o metilmercúrio, pode causar danos ao desenvolvimento do cérebro, mesmo em níveis anteriormente considerados seguros. Uma nova análise de dados epidemiológicos, publicado no International Journal of Environment and Health, sugere que devemos ter uma nova abordagem de precaução para proteger nascituros de danos cerebrais irreversíveis causados por toxinas. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.

Philippe Grandjean do Departamento de Saúde Ambiental na Faculdade de Saúde Pública de Harvard (Department of Environmental Health at Harvard School of Public Health), em Boston, e da Universidade do Sul da Dinamarca (University of Southern Denmark), em Odense, explica que as causas do desenvolvimento mental subnornal são, em grande parte, desconhecidas. No entanto, uma forte exposição a poluentes, durante o desenvolvimento do feto, pode causar problemas que se manifestam no desenvolvimento das funções cerebrais e, em última instância, declínio em fases posteriores da vida. Criticamente, mesmo em pequenas doses de substâncias químicas, tais como os compostos neurotóxicos, pode prejudicar o desenvolvimento cerebral, em muito maior medida do que o cérebro adulto.

O metilmercúrio (mercúrio em sua forma orgânica) é um composto químico formado no meio ambiente, a partir da contaminação por mercúrio. Infelizmente, o metilmercúrio pode ser transportado rapidamente ao corpo e, daí, atingir o cérebro. Graves problemas cerebrais são possíveis, se importantes processos de desenvolvimento são bloqueados, uma vez que haverá apenas uma chance para o desenvolvimento do cérebro.

Os pesquisadores apontam que, até há pouco tempo, a investigação sobre os efeitos dos poluentes sobre o cérebro foram insuficientes pela falta de informações sobre a exposição real. Por outro lado, encontrar uma ligação direta entre os problemas específicos com o cérebro e a exposição depende de análises estatísticas ou epidemiológicas, em vez de análise caso a caso.

Os pesquisadores dizem que as perturbações do desenvolvimento neurológico, a partir de uma possível origem ambiental, afeta entre 5% e 10% dos bebês nascidos em todo o mundo, podendo causar dislexia, deficiência mental, déficit atenção/hiperatividade, paralisia cerebral e autismo.

A toxicidade do metilmercúrio é bem conhecida, mas os pesquisadores que os médicos subestimaram o risco de lesões cerebrais associadas com a exposição a este composto, bem como inúmeros outros. O professor Grandjean enfatiza que poucas pesquisas têm sido realizadas sobre os efeitos neurotóxicos de outros produtos químicos.

“Existem provas suficientes para afirmar os efeitos de determinados produtos químicos sobre o desenvolvimento do sistema nervoso e uma abordagem cautelosa implicaria em uma regulamentação rigorosa dos casos de suspeita de desenvolvimento prejudicado por substâncias neurotóxicas, assim como seria prudente o aconselhamento de gestantes, em relação a substâncias não testadas como seguras em relação à gestação”, concluem os pesquisadores.

O acesso ao conteúdo integral do artigo é restrito aos assinantes da revista International Journal of Environment and Health.

Abaixo transcrevemos os abstract do artigo “Development neurotoxicity: implications of methylmercury research” . Para traduzir o texto utilize a barra de ferramentas de idiomas, no topo da matéria, logo abaixo do título e, na caixa de opções, selecione o idioma “Português”.

Development neurotoxicity: implications of methylmercury research
Author: Philippe Grandjean, Marian Perez Email author(s)
Address: Department of Environmental Health, Harvard School of Public Health, Boston, MA 02115, USA; Institute of Public Health, University of Southern Denmark, 5000 Odense, Denmark. ‘ Department of Environmental Health, Harvard School of Public Health, Boston, MA 02115, USA

Journal: International Journal of Environment and Health 2008 – Vol. 2, No.3/4 pp. 417 – 428

Abstract: The causes of neurodevelopmental disorders are mostly unknown. Exposure to certain chemicals during early foetal development can cause permanent brain injury at doses much lower than those that affect the adult brain. Recent epidemiological evidence on methylmercury has shown adverse effects at exposure levels previously thought to be safe. Major obstacles in this research field include non-specific neurobehavioural outcomes and imprecise exposure assessments that result in a bias towards the null. Epidemiological studies may therefore easily underestimate the risk, but they are nonetheless often considered with scepticism. Neurodevelopmental toxicity potentials of numerous other chemicals have not yet been documented to the same extent as mercury, and exposures are therefore not regulated to protect the developing brain. The experience on mercury toxicity suggests that a precautionary approach to potential developmental neurotoxicants is warranted.

[EcoDebate, 27/12/2008]

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