‘O mundo segundo a Monsanto’: Hegemonia de uma gigante sob suspeita
As polêmicas em torno da biotecnologia, que contempla os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) – ou simplesmente transgênicos, ganharão ingrediente a mais no Brasil, nesta semana, para “apimentar” as discussões sobre os eventuais danos que as novas tecnologias podem causar à saúde humana e ao meio ambiente. Denúncias que envolvem corrupção, suborno, negligência sanitária, contrabando, abuso de poder econômico etc. associadas a depoimentos de vítimas e de pessoas envolvidas nos vários e fortes episódios supostamente provocados pela Monsanto compõem o livro “O mundo segundo a Monsanto”, de autoria da jornalista francesa Marie-Monique Robin, divulgado com exclusidade à Gazeta Mercantil.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a contar com o best-seller traduzido e um capítulo à parte, que narra a disseminação das sementes contrabandeadas, forçando a legalização.
As investigações começaram em 2005, após a produção de documentários cujo objetivo era abordar patentes de organismos vivos. Acabaram originando o livro. “A Biotecnologia abriu as portas para a privatização de organismos vivos, violando leis existentes. Para essa investigação, viajei ao México, Estados Unidos, Canadá, Índia e Brasil. Soube que a Monsanto detinha 600 patentes sobre organismos vivos”, revela Marie-Monique. Disse ainda que a construção de um monopólio em torno desses organismos coloca em risco a segurança alimentar mundial, encarecendo os alimentos com a cobrança dos royalties.
As invetigações do livro giram em torno da dioxina, utilizada na produção de herbicidas e que também foi empregada no desfolhante usado como arma de guerra no Vietnã, conhecido como “Agente Laranja”. A dioxina possui potencial cancerígeno alto e é composta por uma família de 210 substâncias, sendo utilizada atualmente na fabricação dos herbicidas roundup (glifosato) negociados pela empresa. Segundo a autora, a substância ainda afeta crianças recém-nascidas no Vietnã, que estão sofrendo com má formações graves no organismo.
A Monsanto surgiu em Anniston, Alabama (EUA), como uma empresa química especializada na fabricação de PCBs (bifenila policloradas) – líquidos para refrigerar transformadores de eletricidade -, e utilizava grandes quantidades de dioxina no produto entre 1929 e 1971, período onde foi produzido. “Revelei que a Monsanto sabia desde o princípio que este produto (hoje proibido) era altamente tóxico, mas manteve em segredo as informações que tinha. Eu estava em Anniston, onde os PCBs foram produzidos até os anos 1970. Em 2002, os habitantes ganharam uma ação judicial coletiva contra a Monsanto: 50% da população estava sofrendo de câncer, diabetes etc. Finalmente por meio de um processo com mais de 500 mil páginas, a Monsanto foi condenada a pagar uma indenização de US$ 700 milhões”, conta Marie-Monique. O segredo, que foi escondido a sete chaves pela empresa, agora está disponível na internet.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Monsanto rebaste as acusações e diz que “os PCBs salvaram muitas vidas e propriedades por sua resistência ao fogo”. Acrescenta ainda que “a antiga empresa parou de produzir o líquido oito anos antes de a Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA, sigla em inglês) proibirem o uso, em 1979”. A assessoria da empresa afirma que a intenção do livro-documentário é classificar a Monsanto como uma empresa negativa e tenta abranger muitos problemas com a finalidade de confundir o público, misturando fatos e acusações maliciosas.
A empresa diz se orgulhar em ser líder em biotecnologia agrícola e explica que a segurança dos produtos é avaliada por agências regulatórias em todo o mundo, de acordo com diretrizes sobre avaliações de segurança acordadas internacionalmente. Sobre o Agente Laranja, a companhia alega que foi uma das sete selecionadas para fabricar o produto. “O governo americano decidiu que os benefícios para as tropas (privando o inimigo de cobertura vegetal) superavam em muito quaisquer riscos¨”.
Segundo a autora, o chamado “princípio da equivalência substancial” restringe novas pesquisas, pois finge que as plantas transgênicas são “similares” às convencionais e isentas da necessidade de terem sua eventual toxicidade testada. “Qual será o segredo da Monsanto atualmente?”, completa.
* Matéria da Gazeta Mercantil, 05/12/2008.
Nota do EcoDebate: sobre o livro ‘O mundo segundo a Monsanto’ sugerimos que leiam, também “Autora do livro ‘O Mundo Segundo a Monsanto’ diz que sua obra ‘dá muito medo’” e “O Mundo segundo a Monsanto. Livro revela o lado obscuro da transnacional”
[EcoDebate, 05/12/2008]
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Documentário francês tenta
denegrir imagem da Monsanto
Um livro-documentário lançado recentemente na França vem alimentando uma série de acusações negativas contra a Monsanto. O projeto chamado O Mundo Segundo a Monsanto, coordenado pela jornalista francesa Marie-Monique Robin, lança ataques contra a empresa e a biotecnologia e repete alegações que há muito tempo já foram descartadas por renomados cientistas internacionais. Tanto o livro quanto o vídeo extraem eventos de contextos específicos com o intuito de retratar a Monsanto de maneira desfavorável.
A Monsanto, mais uma vez, em respeito aos seus funcionários e stakeholders, gostaria de esclarecer que:
• Este documentário foi realizado por aqueles que não apóiam a biotecnologia agrícola e têm um esquema para desacreditar a tecnologia e aqueles envolvidos com o seu desenvolvimento;
• A intenção é classificar a Monsanto como uma empresa negativa e tenta abranger muitos problemas com a finalidade de confundir o público. Freqüentemente, eles colocam os eventos fora de contexto e misturam fatos com acusações maliciosas;
• A Monsanto se orgulha de ser líder em biotecnologia agrícola. Acreditamos profundamente nos benefícios desta tecnologia e ficamos animados com o potencial da biotecnologia para o futuro;
• Antes de qualquer planta geneticamente modificada ser comercializada, ela é submetida a rigorosos testes e avaliações regulatórias, que se estendem por muitos anos, além de testes sistemáticos para estabelecer a segurança de alimentos, rações e do meio ambiente;
• A segurança desses produtos é avaliada por agências regulatórias em todo o mundo, de acordo com diretrizes sobre avaliações de segurança acordadas internacionalmente.
• Em 2007, a Monsanto investiu mais de R$ 3 milhões em projetos sociais nas áreas de educação, cultura, saúde e meio ambiente, no Brasil, com 240 mil pessoas beneficiadas. Parte deles é financiada pela Fundação Monsanto, que apóia esse tipo de iniciativa nos países onde a empresa atua e, neste ano, completa 45 anos de atividades; parte com recursos das próprias unidades brasileiras; e alguns também incentivados pela Lei Rouanet.
Temas abordados no livro-vídeo e a resposta
da Monsanto para cada um deles
PCBs (bifenila policloradas) – Um produto químico amplamente utilizado por décadas como fluido de segurança para isolar e resfriar equipamentos elétricos pesados – eram feitas em Anniston, nos Estados Unidos, de 1929 a 1971, na unidade de propriedade da antiga divisão química da Monsanto, hoje conhecida como Solutia.
Devido a sua eficiente resistência ao fogo, as PCBs salvaram vidas e propriedades e eram exigidas para uso em construções de acordo com as normas de construção do governo por mais de quatro décadas. Mas as mesmas características que tornaram as PCBs tão atrativas para a indústria elétrica – o fato é que não reagiam prontamente com outras substâncias – também resultaram em sua persistência no meio ambiente. A antiga Monsanto voluntariamente parou de produzir PCBs em Anniston oito anos antes da EPA (Agência de Proteção ao Meio Ambiente) nos EUA banirem-nas, em 1979.
Em 1997, a unidade de Anniston foi negociada para a Solutia Inc., uma empresa do setor químico. Em dezembro de 2003, a Solutia pediu falência, falhando no cumprimento de metas dos programas de recuperação ambiental em Anniston previstas no acordo. Ainda assim a Monsanto tomou medidas para que o programa pudesse ser mantido. Progressos substanciais foram obtidos.
A evidência científica não apóia nenhuma ligação causal entre a exposição entre as PCBs e o câncer ou outras doenças humanas sérias. O peso esmagador da evidência científica confiável não estabelece que a exposição às PCBs, exceto em níveis muito altos, não causa nenhum efeito adverso às condições da saúde humana. Em níveis muito altos, a exposição às PCBs podem causar sérios problemas de pele, chamado cloracne, e a elevação temporária dos níveis de algumas enzimas sorológicas, que retornam ao normal após a exposição acabar.
Agente Laranja – A antiga Monsanto Company era um dos sete fabricantes que a lei exigia que produzisse o Agent Orange, sob solicitação específica do Governo norte-americano, para uso militar. O governo decidiu que os benefícios para as tropas (privando o inimigo de cobertura vegetal) superavam em muito quaisquer riscos do spray de Agente Laranja.
BST – A Monsanto vendeu, em 2008, o negócio de produção e venda do suplemento de hormônio bovino Posilac para a Elanco, divisão da Eli Lilly Co. A companhia decidiu manter seu foco estratégico exclusivamente no desenvolvimento de sementes e soluções para a agricultura.
O Posilac é um suplemento do hormônio bovino de ocorrência natural (BST), usado por muitos produtores e, quando administrado em vacas, permite que elas produzam mais leite. Esse leite é idêntico ao produzido por vacas não tratadas, fato atestado por laboratórios independentes de vários países. Segundo a Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Associação Médica Americana, a Associação Dietética Americana e órgãos regulatórios de 30 países, o leite de vacas tratadas com Posilac é tão seguro quanto o de vacas não tratadas.
Estudos da Cornell University indicaram que rebanhos tratados com BST permanecem tão saudáveis quanto os não-tratados com o hormônio. Todo o seu leite permanece seguro, saudável e nutritivo. Todo o leite e derivados de leite desses rebanhos passam por rígido testes de segurança alimentar e inspeções do FDA e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A Monsanto não comercializava o produto no Brasil, ele era licenciado no País para comercialização pela Elanco.
Suicídio de Agricultores – O suicídio agricultores na Índia é um fenômeno trágico que ocorre em virtude de diversas razões sociais e econômicas complexas. As causas dos suicídios não podem ser atribuídas a um único fator, embora o estresse financeiro tenha sido amplamente considerado como o principal fator. O suicídio não é um problema ligado à biotecnologia e essas circunstâncias infelizes ocorrem desde muito antes da introdução da biotecnologia na Índia, em 2002. Estudos científicos independentes realizados por renomadas entidades citam o endividamento como uma das principais razões para o suicídio. Como uma empresa agrícola que trabalha diretamente como os agricultores, a Monsanto tem o compromisso de melhorar suas vidas e meios de vidas oferecendo produtos e tecnologias e constante inovação.
Um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI, sigla para Food Policy Research Institute, em inglês) mostrou que casos de suicídios entre agricultores indianos têm caído desde a introdução do algodão transgênico da Monsanto, em 2002.
Este estudo, divulgado em 6 de novembro de 2008 pelo jornal inglês The Guardian (http://www.guardian.co.uk/environment/2008/nov/05/gmcrops-india), revelou ainda que a adoção do algodão Bt resistente à pragas foi responsável por um significativo aumento de produtividade e um descréscimo de 40% no uso de inseticidas. O IFPRI é uma entidade financiada por governos, fundações privadas, e organizações internacionais e regionais.
Outro estudo com cotonicultores, de 2006, desenvolvido pelo IMRB International (http://www.thehindubusinessline.com/bline/2005/04/07/stories/2005040701600700.htm) mostrou um crescimento de 118% nos rendimentos das plantações de Bollgard, em relação às lavouras convencionais. A mesma pesquisa mostrou crescimento de 64% nos rendimentos e 25% de redução nos custos de pesticidas.
Problemas de patente dos agricultores – A cobrança de taxas sobre as Traits (características biotecnológicas) permite que empresas de biotecnologia agrícola continuem investindo em pesquisa e desenvolvimento. Atualmente, a Monsanto gasta US$ 2,6 milhões ao dia, ou US$ 980 milhões por ano, com pesquisas. A grande maioria dos agricultores compreende o valor que as culturas biotecnológicas trazem para eles e apóiam os esforços para trazer ao mercado produtos novos e inovadores. A maioria dos agricultores deseja um campo de trabalho igual para todos e deixaram claro para a Monsanto que os outros não devem podem escapar impunes fazendo use de pirataria. A Monsanto mantém a integridade do processo de licenciamento de maneira justa para dezenas de milhares de agricultores de soja nos Estados Unidos que são usuários licenciados de nossa tecnologia Roundup Ready e que CUMPREM os acordos de licenciamento com a tecnologia com agricultores. Nunca foi nem nunca será política da Monsanto exercer seus direitos de patente onde as características biotecnológicas estiverem presentes nos campos dos agricultores em quantidades rastreáveis em virtude de meios involuntários.
Conexões corporativas com governos – Algumas pessoas dizem que há uma “porta giratória” entre a Monsanto e o governo federal dos Estados Unidos, que propicia políticas governamentais e regulatórias que favorecem nossa tecnologia. Na realidade, a demanda para pessoas competentes com vasta experiência no segmento é sempre grande. Estamos certos que a maior parte dos funcionários do governo comporta-se com a mais alta integridade, independente da empresa ou segmento ao qual estiveram afiliados no passado. Os exemplos de “porta giratória” freqüentemente citados – incluindo as alegações de laços da Monsanto com a administração Bush nos Estados Unidos – são capciosos. Por exemplo, Donald Rumsfeld trabalhou como CEO, Presidente, e depois como Presidente do Conselho da G.D. Searle & Co., uma empresa mundial da indústria farmacêutica, de 1977 a 1985. A antiga Monsanto Company não adquiriu a Searle Company até 1985. Separadamente, Ann Veneman trabalhou no conselho da Calgene. O exercício no cargo de Veneman no Conselho da Calgene foi anterior à aquisição da empresa pela antiga Monsanto.
Roundup® – Os herbicidas agrícolas Roundup® são o carro chefe da área de negócios de defensivos agrícolas da Monsanto. As propriedades dos herbicidas agrícolas Roundup e de outros produtos que têm como base o glifosato podem ser usadas como parte de um programa de controle de ervas daninhas ambientalmente responsável e se encaixam na visão de agricultura sustentável e proteção ao meio ambiente. O Roundup® tem mais de trinta anos de história de uso seguro. Alguns ativistas já fizeram testes científicos falsos para desafiar este grande recorde de segurança – nenhuma dessas acusações teve qualquer mérito quando expostas aos altos níveis exigidos de detalhamento científico. Agências regulatórias do mundo inteiro já concluíram que os herbicidas a base de glifosato não apresentam riscos à saúde humana e ao meio ambiente, quando aplicados corretamente, conforme as instruções técnicas descritas no rótulo.