Autora do livro ‘O Mundo Segundo a Monsanto’ diz que sua obra ‘dá muito medo’
Barcelona, 22 nov (EFE).- A jornalista francesa Marie-Monique Robin, que acaba de publicar na Espanha um ensaio sobre a multinacional de sementes transgênicas Monsanto, à qual acusa de práticas “mafiosas”, diz que não sabe se seu livro “é de terror, mas dá muito medo, pois, infelizmente, tudo o que está lá é verdade”.
“Le Monde Selon Monsanto” (“O Mundo Segundo a Monsanto”) é o irônico título escolhido para um livro no qual a jornalista denuncia, com documentos inéditos e testemunhos de muitas “vítimas”, a “impunidade diabólica” desta multinacional americana que comercializa “produtos tóxicos”, afirma a autora em entrevista à Agência Efe.
As acusações de Robin a Monsanto são infinitas: vender sementes geneticamente modificadas que não demonstraram sua inocuidade tóxica e que têm de ser tratadas com adubos e pesticidas da mesma empresa, igualmente tóxicos, em um ciclo monopolístico.
Segundo a especialista, este ciclo não acaba somente com a biodiversidade do local onde é implantado, mas também não garante melhores colheitas e empobrece os terrenos.
A jornalista se reuniu durante três anos com políticos, camponeses e cientistas, alguns dos quais sofreram na própria pele o “efeito Monsanto”.
Muitos deles sofreram represálias e foram despedidos devido às investigações sobre o risco dos produtos geneticamente modificados e outros adquiriram algum tipo de câncer pelo contato com eles.
A companhia, lembra Robin, comercializa 90% dos cultivos transgênicos do mundo, com 8,6 bilhões de euros (US$ 10,7 bilhões) de faturamento em 2007.
É a maior vendedora de sementes na América Latina, Ásia, Estados Unidos e Canadá, e entre seus “feitos” químicos está a fabricação do “agente laranja”, um devastador pesticida utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
Robin afirma que a multinacional tem dezenas de processos penais contra ela no mundo todo, devido a problemas de saúde gerados por seus produtos, mas também por causa de práticas de monopólio.
Segundo a jornalista, a multinacional se comporta como uma estrutura saída da mente de George Orwell – autor do livro “1984”, que retrata um regime autoritário de uma sociedade de vigilância -, já que tem uma “meta totalitária e monopolística” e utiliza métodos muito semelhantes aos da máfia.
O livro faz um percurso pelas relações entre os políticos encarregados de redigir a regulamentação sobre transgênicos e as empresas do setor, com casos de membros da administração pública nos EUA que, após promover leis permissivas a estes produtos, para reduzir os testes toxicológicos, passaram para o outro lado, um inclusive como “vice-presidente” da multinacional.
Matéria da Agência EFE, publicada pelo Yahoo! Notícias, Sáb, 22 Nov, 11h42
* Enviada por Edinilson Takara
[EcoDebate, 24/11/2008]
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