Publicação discute o conceito de desenvolvimento sustentável
Recuperar e explicar o surgimento do termo “desenvolvimento sustentável”, bem como a história desse conceito e como ele é pensado e debatido atualmente. Esse é objetivo da publicação “Desenvolvimento Sustentável”, de autoria de Gabriela Scotto, Isabel Cristina Carvalho e Leandro Guimarães. Matéria do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rudal, do MDA.
De acordo com o livro, a origem do conceito de desenvolvimento sustentável remete ao debate ecológico, social e ambiental das décadas de 1960 e 70, que começou nos países industrializados do hemisfério norte e se espalhou pelo mundo ocidental com uma crítica à noção de desenvolvimento. Nessa época os movimentos contraculturais e ecológicos passaram a questionar a sociedade de consumo e o modelo materialista, bélico, individualista, competitivo e degradador do meio ambiente em vigência. Segundo Gabriela Scotto, a crise desenvolvimentista veio com a constatação dos riscos desse modelo, que ficaram expostos principalmente em períodos de escassez de recursos naturais, como a crise do petróleo dos anos 70.
O termo desenvolvimento sustentável aparece pela primeira vez nos anos 1980, sendo formulado no documento Our Common Future (Nosso futuro comum), resultado do trabalho da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, formada por representantes de governos, ONGs e da comunidade científica de vários países. “Desenvolvimento capaz de garantir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas”. Essa foi a definição apresentada no texto.
Para Gabriela Scotto, é fundamental colocar o tema em evidência e resgatar esse conceito. “O modelo de desenvolvimento atual é baseado em padrões de produção e consumo que não se sustentam. Mesmo que a identificação sobre as causas do problema assim como as soluções e estratégias propostas sejam bastante diferenciadas e, muitas vezes, antagônicas, todos parecem concordar na avaliação de que existe uma crise ambiental e social a ser encarada com urgência”, afirma.
Sustentabilidade
O livro traz uma abordagem que destaca a dimensão política envolvida no debate teórico acerca do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade. Gabriela Scotto lembra que diversos atores sociais assimilaram o discurso da “sustentabilidade” politicamente, com a função de legitimar suas ações como “sustentáveis”, e portanto, corretas. “A constatação da falência do modelo desenvolvimentista e a crescente percepção da crise ambiental levam tanto a propostas que buscam os caminhos de superação deste modelo como também a iniciativas que vão no sentido de sua reformulação dentro dos marcos da lógica capitalista que o gerou”, explica a autora.
Para ela, atingir a sustentabilidade requer mudanças radicais no modelo civilizatório, e a redefinição dos modelos de produção e dos padrões de consumo. “Para atingir a sustentabilidade podemos, cada um de nós, rever nossas próprias práticas de consumo, por exemplo”, diz Scotto.
O livro “Desenvolvimento Sustentável” faz parte da Coleção Conceitos Fundamentais da Editora Vozes, coordenada pela antropóloga Renata Menezes, professora do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo da coleção é oferecer introdução a um conceito, apresentar uma definição, um histórico de seu surgimento ou de sua entrada no Brasil, e o estado atual do debate em que se encontra inserido. A série é voltada a estudantes dos primeiros períodos dos cursos superiores de Ciências Humanas, estudantes do ensino médio e interessados nos temas trabalhados. “Desenvolvimento Sustentável” traz ainda um glossário e sugestões de leitura ao final. As bases de pesquisa utilizadas para sua elaboração foram principalmente textos, relatórios, sites, palestras, jornais, periódicos e outras bibliografias sobre desenvolvimento sustentável.
Sobre os autores
Gabriela Scotto é mestre e doutora em antropologia social pelo Museu Nacional/UFRJ, professora do Instituto de Humanidades da Universidade Cândido Mendes e coordenadora de programas da ActionAid Américas.
Isabel Cristina Carvalho é mestre em psicologia da educação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente exerce atividade docente na Universidade Luterana do Brasil e é professora colaboradora no curso de Especialização em Projetos Sociais da UFRGS.
Leandro Guimarães é mestre e doutor em educação pela UFRGS e exerce atividades docentes junto ao Centro das Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Para adquirir o livro acesse o site http://www.editoravozes.com.br/.
Enviado por Rogério Almeida, colaborador e articulista do EcoDebate